terça-feira, setembro 15, 2009

Minhas leituras - Excertos II


Sofrendo o impacto do trabalho revolucionário de Marx, Karl Barth, o conhecido e influente teólogo suíço, afirma que religião é mesmo a mais alta expressão do pecado humano. Paul Tillich, teólogo alemão refugiado de Hitler nos Estados Unidos, afirma que Jesus veio ao mundo para provar que a religião não compensa e que o Evangelho significa exatamente a libertação da canga da religião da lei e da lei da religião. Estas afirmações ilustram certamente a necessidade de ganharmos maior precisão nos termos que usamos correntemente nessa área.

É necessário distinguir religião, canga e instrumento de dominação, de Evangelho – mensagem de libertação dos cativos; distinguir entre fé, resposta positiva ao ato de libertação, e cultura – meio através do qual ela se deve expressar. É necessário superar definitivamente conceitos absurdos como o de uma ‘fé religiosa’, pois fé e religião são inconciliáveis. Uma só pode subsistir com o sufocamento da outra. A fé é a semente fértil. A religião é a semente esterilizada que pode servir para comer ou para o comércio. A fé é o futuro. A religião é o apego ao passado, à segurança, ao status quo, muitas vezes feita em nome do futuro, e quase sempre feita em benefício dos comerciantes. A fé é o desapego dos que aguardam a madrugada e não perdem tempo olhando para trás. A fé é a loucura, a audácia. A religião é a prudência, o instinto de conservação.

RICHARD NIEBUHR, CRISTO E CULTURA

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