quarta-feira, setembro 30, 2009

A Responsabilidade Social Cristã




Afirmamos que Deus é o Criador e o Juiz de todos os homens. Portanto, devemos partilhar o seu interesse pela justiça e pela conciliação em toda a sociedade humana, e pela libertação dos homens de todo tipo de opressão. Porque a humanidade foi feita à imagem de Deus, toda pessoa, sem distinção de raça, religião, cor, cultura, classe social, sexo ou idade possui uma dignidade intrínseca em razão da qual deve ser respeitada e servida, e não explorada.

Aqui também nos arrependemos de nossa negligência e de termos algumas vezes considerado a evangelização e a atividade social mutuamente exclusivas. Embora a reconciliação com o homem não seja reconciliação com Deus, nem a ação social evangelização, nem a libertação política salvação, afirmamos que a evangelização e o envolvimento sócio-político são ambos parte do nosso dever cristão. Pois ambos são necessárias expressões de nossas doutrinas acerca de Deus e do homem, de nosso amor por nosso próximo e de nossa obediência a Jesus Cristo.

A mensagem da salvação implica também uma mensagem de juízo sobre toda forma de alienação, de opressão e de discriminação, e não devemos ter medo de denunciar o mal e a injustiça onde quer que existam. Quando as pessoas recebem Cristo, nascem de novo em seu reino e devem procurar não só evidenciar mas também divulgar a retidão do reino em meio a um mundo injusto. A salvação que alegamos possuir deve estar nos transformando na totalidade de nossas responsabilidades pessoais e sociais. A fé sem obras é morta.


(PACTO DE LAUSANNE)

terça-feira, setembro 29, 2009

Compaixão: Jesus e Buda



-Texto do Pr. Caio Fábio



(...) Assim, no budismo o homem tem que esquecer de si a fim de ser iluminado pelo exercício disciplinado da compaixão. Já na fé de Jesus o homem tem que saber de si, de seu pecado, de sua alienação, para, então, não pela via da autodisciplina, mas da fé que se rende ao amor de Deus, receber a benção da metanóia, do arrependimento, da mudança de mente; e, assim, aceitar a pacificação que Jesus já realizou entre o homem e Deus, e entre o homem e seu próprio coração, bastando, para que tal benefício aconteça, que ele creia e se entregue, sem justiça-própria, à justiça de Deus a ele imputada. Ora, nesse caso, até a virtude da compaixão, quando vista como virtude própria, se torna em justiça-própria, o que anula o canal da Graça em sua manifestação no homem que se jacta de ser quem é; ainda que seja a jactância silenciosa e discreta da bondade e da compaixão. Desse modo, no budismo, a compaixão é uma obra do homem, a fim de que por ela ele mesmo venha a ascender a estágios superiores aos do egoísmo animal, assim unindo-se ao Nada-Tudo Cósmico. Na fé de Jesus, no entanto, a compaixão e o perdão, não são virtudes próprias, mas dons da Graça de Deus (favor imerecido), e surgem apenas como fruto natural da gratidão que vem da consciência da total reconciliação com Deus. Assim, no budismo, a vida é vivida pela disciplina e pela negação. Já na fé de Jesus, o justo vive pela fé, e, tal fé, não é um exercício humano, mas tão somente o fruto de uma gratidão pelo que já foi e está Feito. No budismo, portanto, o caminho é de evasão do mundo. Porém, na fé de Jesus, o caminho é de inserção no mundo. No budismo o homem tenta chegar a Deus. No entanto, na fé de Jesus, é Deus quem se chega ao homem: Emanuel. Desse modo, tenho muito respeito e compaixão pelos budistas sinceros e sérios, pois sei que buscam a verdade como podem e com total dedicação. No entanto, é um caminho de busca... sempre de busca, nunca de encontro. E, quando há o encontro, quase sempre é fruto apenas de um treinamento da mente, e não uma visitação de amor no coração, independentemente de busca ou exercício. Para mim o budismo está mais para uma Psicologia Profunda da Negação do que para um Caminho de Vida na Terra! No budismo não há “Deus”. Não um Deus pessoal, capaz do amor e de ter compaixão. Daí, não haver busca de perdão no budismo, mas apenas busca de renuncia. Já na fé de Jesus, Deus é Pai e Pessoa, e com Ele se pode ter uma relação de amor, diálogo, briga, luta, paixão, guerra, obediência, desobediência, alegria, tristeza, amor, raiva, frustração, realização, oração, intercessão, conformação, inconformação, entrega, ou luta para não ceder... Mas sempre se tem Encontro Pessoal com Deus. No budismo, todavia, o deus existente não-sabe-de-si, sendo que os humanos é que dão a ele tais sentidos... Daí a compaixão budista ser também uma espécie de empréstimo dos sentidos de amor ao ‘deus’ que não ama. Desse modo, na prática, ‘deus’ depende do homem para que amor e compaixão sejam conhecidos. Porém na fé de Jesus, nós só amamos porque Ele nos amou primeiro. Enfim... No budismo os movimentos são do homem para ‘deus’. Na fé de Jesus o movimento é de Deus para o homem, e as ações do homem, as que são carregadas de significado, são todas aquelas que se constituem em resposta do ser ao toque do amor de Deus, seja de modo consciente ou até inconsciente. No budismo o homem tenta subir... Na fé de Jesus, é Deus quem já desceu... e fez Sua morada entre nós, e habita o ser de todo aquele que crê. Por esta razão, no budismo, tudo é processo... Já na fé de Jesus, há processos, mas eles apenas seguem aquilo que é sempre um ‘átimo’ de revelação, um susto de amor, uma paixão cheia de subiteza, e que nos prende o coração.



TUDO O QUE BUDA QUERIA ERA JESUS




Buda disse que viver é sofrer; e que o sofrimento é fruto do desejo; e, desse modo, a vitória sobre o sofrimento seria a mortificação do “eu” pela via do desapego a todas as coisas; a tal ponto que o total desapego colocaria a pessoa no estado de iluminação que o Buda alcançou; entrando-se, desse modo, no Nirvana — estado no qual todos os desejos já deram lugar a aceitação, e o ego se dissolveu no todo universal; continuando existente no todo, porém sem consciência de si e sem qualquer pessoalidade.

Ou seja: tem-se que dissolver a consciência de si mesmo no todo universal a fim de se ter uma paz que não sabe de si.

Ora, apesar disso, tem-se que admitir que Buda afirmou algumas coisas semelhantes ao que Jesus ensinou. Mas há grandes diferenças.

Em Jesus o “eu” a ser posto na cruz é o “si-mesmo”, que tem que dar lugar a um eu rendido ao amor. Tomar a própria cruz e seguir a Jesus, não é, todavia, um exercício de desistência do eu, mas sim de sua falsificação, que é o “si-mesmo”. Isto porque para negar a si mesmo, tomar a cruz e segui-Lo —, há uma grande demanda, não de desistência do eu, mas de fortalecimento dele em seu estado mais essencial; pois, somente quando o “si-mesmo” é crucificado é que o eu começa a sua própria jornada sobre a realidade; e não mais sob os auspícios dos desejos ilusórios.

Assim, Jesus diz que no mundo se tem muitas aflições. Não diz que viver é sofrer, mas afirma que se tem muita da dor na existência. Seu ensino, todavia, não nos convida para um esforço contra os desejos e paixões que só podem ser vencidos se a pessoa morrer junto e por inteiro em sua pessoalidade.

Por isto, ao invés de ensinar a negação como evasão da vida, Jesus ensina o “bom ânimo” como inserção na vida!

Sim, ao invés de lutar contra os desejos, Jesus ensina que no mundo há aflições, frustrações, injustiças, iniqüidades, e dor; mas combate tudo isto com “bom ânimo”.

Afinal, chega um ponto em que depois de todas as paixões e desejos, a própria existência trata de fazer de quase todo homem um budista sem nem ao menos a evasão para o Nirvana. Por isto, pode-se dizer que depois do Encontro com a Existência, o maior desejo passa a ser de morte; ainda que a maioria não saiba. Daí, sem esperar que a vida esmague ninguém, porém afirmando que as dores são inevitáveis, Jesus manda ter “bom ânimo”; pois, de fato, é o bom ânimo o poder que combate o desejo mais essencial que habita os humanos, que é a pulsão de morte e de suicídio maquiado.

Jesus nunca jejuou para matar nada. Seu jejum era para ficar só e concentrar todo o Seu foco humano na tarefa que historicamente começava. Entretanto, Nele não há angustia de ser, como havia em Buda. As angustias de Jesus não são conflitos existenciais, mas reações naturais e humanas frente à dor real e infligida como tortura e morte. Mas não há nenhuma outra angustia Nele. Porque Jesus não “deseja” nada, nunca teve qualquer dos conflitos de Buda.

Sim, Buda tem que lutar para se iluminar. Jesus é a Luz. Buda tem um si-mesmo em conflito com seu eu. Jesus é ego-amor. Buda tem que experimentar roteiros e buscar o mais sábio, segundo sua percepção. Jesus é o Caminho. Buda se ausenta da vida e medita. Jesus fica em silencia público trinta anos, medita, e entra na vida em sua plenitude, e com todos. O Buda não chora. Jesus chora. O Buda não ri. Jesus gargalha. O Buda não bebe. Jesus é acusado de ser bebedor de vinho. O Buda se recolhe em reclusão permanente. Jesus manda que jamais se faça assim.

O Buda diz: “Meu ensino é como uma balsa para atravessar um rio. Seria loucura, depois da travessia, levar a barca por aí”. Jesus, todavia, não se diz uma balsa para um tempo de travessia, mas diz ser o Caminho onde quer que haja Vida a ser experimentada; seja na travessia; seja em terra firme ou não; seja para aqui, seja para além; seja para a vida, seja para a morte; seja em tempos de angustia ou de paz — Jesus não é temporário.

Além disso, é a naturalidade de Jesus e Seu senso de propriedade e bom senso, aquilo que nos mostrar o que significa estar no mundo, vive-lo sem medo, e, ao mesmo tempo, não ser do mundo; porém sem nenhuma evasão.

O Buda não venceu o mundo, mas apenas encontrou uma porta de alienação, que antes de tudo é uma Psicologia do Impessoal. Jesus venceu o mundo, pois, nele amou a todos; e se deu por todos; e, antes de morrer por amor, viveu entre os homens, em suas casas, com suas dores, curando-lhes os males, sorrindo com suas alegrias, defendendo-os de inimigos perversos, expulsando demônios e devolvendo as pessoas à família e à vida.

Buda diz Não-Eu! Jesus diz: Eu Sou!

O caminho da consciência em Buda leva ao mergulho na Inconsciência. O caminho da consciência em Jesus leva a conhecer a Deus como somos por Ele conhecidos.

Assim, Buda é um homem querendo paz no Nirvana. Jesus é Deus chamando os homens a Si mesmo; pois, em Jesus, o convite não é para o nirvana-céu, mas para a experiência eterna e crescente na consciência em Deus.

Buda queria o caminho da paz e da harmonia, para si e para os outros. Jesus é a Paz. E ele é o Caminho.

Assim, como uma criança, digo: Tudo o que Buda desejaria de melhor significaria, na História, ter conhecido a Jesus!

Nele, a Quem todos buscam, mesmo quando não sabem,

Caio


quarta-feira, setembro 23, 2009

CIDADÃOS DO CÉU E DO INFERNO



OS ESTRANHOS CIDADÃOS DO CÉU E DO INFERNO


Rob Bell

Tradução livre: Ricardo Gondim


O céu está cheio de gente perdoada.

O inferno está cheio de gente perdoada.

O céu está cheio de gente que Deus ama e por quem Jesus morreu.

O inferno está cheio de gente que Deus ama e por quem Jesus morreu.

A diferença é como escolhemos viver, que história escolhemos escrever, que versão de realidade nós confiamos.

Para Jesus, céu e inferno eram realidades do presente; jeitos de viver, que podemos experimentar aqui e agora. Ele falou muito pouco sobre a vida além desta, porque compreendia que a vida além desta é mera continuação dos tipos de escolhas que fazemos aqui e agora.


Disponível em: http://www.ricardogondim.com.br/Artigos/artigos.info.asp?tp=69&sg=0&id=1401

domingo, setembro 20, 2009

Barth - Excertos I



Paulo, servo de Cristo Jesus chamado para ser apóstolo”.


Quem fala aqui “não é um gênio entusiasmado consigo mesmo” porém um mensageiro cativo da missão que recebeu. Não é senhor mas servo, ministro do seu rei. Seja Paulo quem ou o que for: não interessa. O conteúdo de sua mensagem não está nele mas vem de lugares estranhos, longínquos, inconquistáveis, inatingíveis.



Antes de tudo dou graças ao meu Deus, mediante Jesus Cristo, por todos vós, porque em todo o mundo fala-se da vossa fé.


A ressurreição provou o seu poder: também em Roma há cristãos! Eles o são sem a obra de Paulo; não importa quem lhes tenha levado o apelo de Cristo (1,6) eles foram chamados, e isto é razão suficiente para dar graças. A pedra foi rolada descerrando a porta do túmulo; a palavra corre livremente; Jesus está vivo; ele está também na capital do mundo!

Neste fato auspicioso [existência de cristãos em Roma] subsiste a fé; a fidelidade dos homens suscitada pela fidelidade de Deus.



Porque eu não me envergonho do evangelho, pois ele é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê, do Judeu primeiro e também do grego. Porque a justiça de Deus se revela nele; da fidelidade à fé, como está escrito: “O justo viverá de minha fidelidade”.


A tradução de Lutero escreve: “O justo viverá de sua fé”; a versão sinodal da Sociedade Bíblica Francesa registra: “Aquele que é justificado viverá pela sua fé”. A Revised Standard Version (1953), americana, traz: “Aquele que é reto, pela fé viverá”; a edição da Biblioteca de autores cristãos de Madri, (1950), versão católica, diz: “O justo viverá pela fé”, portanto APUD nossa versão Almeida; a nossa (hoje já quase esquecida) versão Figueiredo diz: “O justo viverá da fé”.

Acha o Autor que a sua tradução se harmoniza melhor com o texto original e por ela orienta a sua análise, entende-se porém que em Hab 2.4, é Deus quem fala. O possessivo refere-se a Deus; parafraseando, poderíamos dizer, segundo o Autor, “o justo viverá pela fidelidade de Deus”.




sábado, setembro 19, 2009

IGUAÍ - Fonte de beber água


visão lá de casa



IGUAÍ - Fonte de beber água

- por meu pai


Pequeno pedaço de vida!

De minha vida e outras vidas

Pessoas que se encontram e se irmanam

Que se afastam, mas, não se desligam.

Pequeno pedaço de terra!

Onde tudo o que planta fertiliza

Onde o que brota floresce

Onde o que nasce colhe.

Pequeno pedaço de sol!

Suas fontes são cristalinas

Seus rios vicejam pelos prados

Seus filhos, lá fora são pródigos.

Pequeno pedaço de estrelas!

Sua história ilustra as histórias

Seu nome resplandece vitorioso

Sua glória está entre as glórias.

Pequeno pedaço de harmonia!

Das suas fontes brotam filetes d’água

Que sacia a sede dos que a bebem

E que assim fazendo jamais esquece.

Pequeno pedaço de minha história!

Aqui descrevo toda sua beleza

Regozijando-me de pertencer a ti

De conviver entre seus frutos

Que são seus filhos, meus irmãos.

Grande pedaço de poesia!

Valdilson da Hora Cunha, em Visódia.




IGUAÍ - Fonte de beber água

por mim


Daqui sinto a natureza.

Águas frias escorrem por meu corpo,

A sensação que sinto é o alívio.

O rio parece levar por um instante

Os problemas que me angustiam.

Aqui sinto cheiro de mata,

Ouço hinos da fauna.

Eis Iguaí, um retrato do ainda vivo.

Vestígios de ‘civilização’, recém-chegados, cravam a sua bandeira.

Deixa a sua marca: te urbanizam.

Não sei o porquê,

Mas quando me lembro de você

As imagens que vêm à mente

Não são de concretos.

São imagens de vidas habitando o simples,

São do doce sabor de teus aromas,

Da divina bênção-unção de tuas águas

E de todo esse círculo natural interligado a Deus,

Que persiste em permanecer e fazer bem.

Assim és.

Eric Brito Cunha, 2001 (15 anos)





O Discípulo


Assistam as mensagens do Rev. Caio Fábio, Série O Caminho do Discípulo - Estudo sequencial sobre o significado prático do discipulado em Jesus. No site: http://www.vemevetv.com.br/. Cadastro Gratuito. Use o sistema de busca para achar as mensagens.

Juntamente com outra série intitulada Treinamento para o ministério de visitação, têm sido com o que tenho alimentado minha alma e espírito, com frutos preciosos do confronto com que somos desafiados, de repensar as razões de seguir a Jesus Cristo. Tenho relembrado e reafirmado meu amor, fidelidade e pertencimento. Tudo o que um discípulo deve constantemente fazer. Recomendo.

No vídeo, um trecho de uma das mensagens referidas. Onde Caio fala sobre Paixão por Cristo, e o impulso dela na vida do discípulo.








O cristão


Um cristão é comumente definido como "aquele que crê em Jesus Cristo" ou como "um seguidor de Jesus Cristo". Ele poderia ser mais propriamente descrito como alguém que se considera pertencente àquela comunidade de homens para quem Jesus Cristo - sua vida, palavra, feitos e destino é de suprema importância como chave para a compreensão deles mesmos e do mundo em que vivem, como fonte principal do conhecimento Deus e do homem, do bem e do mal, como companheiro constante da consciência, e como o esperado que os liberta do mal.

RICHARD NIEBUHR, em Cristo e Cultua