quarta-feira, março 25, 2009

Confiança

Na hora de tentar libertar um cão de uma armadilha, extrair um espinho do dedo de uma criança, ensinar um menino a nadar ou salvar alguém que não sabe, conduzir um principiante assustado à um local perigosos nas montanhas, o único obstáculo fatal talvez seja a desconfiança deles. Pedimos que confiem em nós, desafiando seus sentidos, sua imaginação e sua inteligência. Estamos pedindo que creiam que o que é doloroso aliviará seu sofrimento e o que parece perigoso é a sua única salvação. Pedimos que aceitem aparentes impossibilidades: q eu mover a pata de volta para a armadilha é a única maneira de sair, que machucar muito mais o dedo acabará com a dor, que a água, inegavelmente permeável, resistirá e suportará o corpo, que se agarrar ao único apoio ao seu alcance não é o jeito de evitar o afogamento, que subir um pouco mais até uma saliência maior é o caminho para não cair. Para explicar todas essas incredibilidades, podemos contar apenas com a confiança do outro em nós, uma confiança certamente sem fundamentos aparentes, claramente prejudicada pela emoção. E, talvez, se formos estranhos a eles, não poderemos contar com nada além da confiança que podem transmitir a expressão de nosso rosto e o tom de nossa voz ou, no caso do cão, nosso cheiro. Ás vezes, por causa da incredulidade, não conseguimos grande coisa. Mas, se tivermos sucesso, será porque acreditaram em nós, contra todas as evidências. Ninguém pode nos culpar por pedirmos essa fé. Ninguém pode culpá-los por tê-la. Ninguém vai dizer depois que o cão, a criança ou o garoto foram tolos por confiarem em nós [...].

Ora, aceitar proposições cristãs é acreditar ipso facto que, para Deus, somos o que o cão, a criança, o banhista ou o montanhista forma para nós, mas em grau muito maior.

C. S. Lewis


3 comentários:

Jacky Ribeiro disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Jacky Ribeiro disse...

"Sem fé é impossível agradar a Deus, pois quem dele se aproxima precisa crer que ele existe e que recompensa aqueles que o buscam".
(Hebreus 11:6)

Confesso que apesar de ter consciência do cuidado de Deus, da sua fidelidade e do seu Amor expresso em tantos cuidados, meu coração é afetado pela incredulidade como consequência das dores e do peso da existência. Não é um ceticismo em relação à Deus, ao Seu Amor, à sua Soberania. Mas, em relação às circunstâncias, uma desesperança indevida...

Enfim.

Graça, o que seria de mim sem ela?

Jacky Ribeiro disse...

Ontem à noite eu li Hebreus 10 e comecei a ler o capítulo 11, quando o sono me derrubou.
E o que me chama atenção no texto é justamente as diversas referências à fé em Deus, à confiança incondicional nEle.

"Por isso, não abram mão da confiança que vocês têm; ela será ricamente recompensada. Vocês precisam perseverar, de modo que, quando tiverem feito a vontade de Deus, recebam o que ele prometeu; pois, em breve, muito em breve:
'Aquele que vem virá,
e não demorará.
Mas o meu justo
viverá pela fé.
E, se retroceder,
não me agradarei dele'.
Nós, porém, não somos dos que retrocedem e são destruídos, mas dos que crêem e são salvos".
(Hebreus 10:35-59)