Mentalidade de formiga.
- A formiga e a cigarra como as nossas duas naturezas
A cigarra em nós é aquela voz íntima que diz devemos deixar um pouco a foice e a vassoura de lado e rolarmos na grama com os nosso filhos. - Um tempo que têm sido roubado de nós, e se infiltrado no solo da mente, não como arquivos deletados da nossa lembrança. Mas como uma fênix que restaura suas forças para ressurgir com todo gás. E é assim que o desejo se transforma em neurose, que a vontade de cantar da formiga se transforma num desejo irrefreável de abandonar tudo o que envolva suor, como a cigarra (Cury).
Por isso é que foi dito: “Cantando, enquanto o outro trabalha”. Enquanto o Eu-Sistema diz "não" e, "põe a mão na massa", alguma outra voz sugere que já se trabalhou demais.
Tanto a cigarra como a formiga são partes da nossa natureza. Partes irreconciliáveis. Como na história que a Bíblia nos conta...
Raquel, a mulher de Isaque, filho de Abraão, estava grávida de gêmeos. E desde do ventre já se ouvia falar da disputa que os dois se envolviam. Ao nascer, um vem agarrado no calcanhar do outro.
Assim também é com as formigas e as cigarras.
Cigarra é a nossa vontade de fugir...
Formiga é a lei da consciência que reprime essa vontade.
A cigarra não volta atrás, quer cantar.
A formiga não é tão inflexível assim: no fundo, no fundo, ela já sabe que trabalhou o suficiente.
Formiga, especialmente nessa história, não pode ser definida como o nosso lado responsável: não é ser responsável não cuidar de si. Formiga é o sempre estar se preparando para o inverno, é esquecer o agora em função do futuro.
Não é errado trabalhar. O errado é não ceder às outras exigências da vida.
O que ela precisa fazer é não levar tão a sério economistas que, sendo maldosamente reducionista, diz que a cigarra é uma covarde que foge em vez de encarar à realidade de que
“a comida precisa ser juntada para o inverno”.
A cigarra sabe disso. Mas e então? Ser cigarra é uma maneira de protestar, fazer greve a única forma de ser formiga que conhece. Prefere morrer vivendo o agora, a ter que viver morrendo num futuro que ainda não existe.
Ser cigarra, longe de ser a maneira certa de se levar a vida. É apenas uma rejeição ao ser formiga.
A cigarra não foge. Ela encara, protesta. Ao contrário da formiga que aceita e se resigna.
A obediência é ópio da formiga.
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